Relembranças
1969. Mal havia saído da prisão,
torturado que fui por ser comunista recém-retornado da URSS, e consegui um
emprego de Supervisor de Manutenção Preventiva na fábrica da SANBRA, em Salvador. O emprego
durou três meses, mas foi o suficiente para eu aprender os macetes de um
planejamento industrial de manutenção. Logo eu que nunca fui mecânico nem
estudei engenharia. Fui demitido quando descobriram que eu era “comunista fichado”.
Em finais de setembro de 1969, vi
um anúncio no Jornal “A Tarde” sobre
uma vaga de “Administrador de Manutenção”
colocado pela CVI. Compareci ao escritório da CVI na Rua Conselheiro Dantas,
fui entrevistado por Dalmo Costa, então o Diretor Industrial e fui enviado para
Valença, sujeito a uma aprovação prática por parte do Gerente Industrial da
Fábrica, o ”mestre” José Augusto dos
Santos, casado com a querida Nita.
Logo na entrevista com Dalmo,
informei que era comunista e ouvi como resposta: “Para nós, o que interessa é que você saiba fazer o que precisamos”.
Pena que ele não passou essa tese para Dr.
Zequinha, que me perseguiu durante os longos anos que trabalhei na CVI.
Cheguei a Valença no dia 5 de
outubro de 1969 e me hospedei numa pensão que existia em um sobrado na praça do
posto de gasolina (não me lembro do nome da praça nem da dona da pensão, mas
sei que o sobrado era vizinho às Casas
Pernambucanas).
Logo me apresentei ao José
Augusto, que deu um giro pela fábrica me mostrando os equipamentos e me
perguntando do que eu precisava para iniciar meu trabalho. Era a primeira vez
que eu via uma fábrica de tecidos e fiquei assustado, certo de que não daria
conta do recado, em função da diversidade de equipamentos.
Pedi um local para me instalar,
todos os manuais dos diversos equipamentos (havia poucos e ultrapassados) e uma
máquina de escrever.
Fui instalado numa mesa adicional
que existia na Sala da Tecelagem (onde quem mandava era Luiz Barbosa e onde
também ficava Carlos Roberto Ribeiro, estagiário carioca e responsável pela ”Célula Nova”).
Comecei meu trabalho lendo e
relendo os manuais disponíveis e olhando, durante horas, o funcionamento de
cada equipamento, desde os abridores até as caldeiras.
Comecei a estruturar o programa
de manutenção preventiva fazendo um fichário de necessidades e de
acompanhamento (com base no que tinha visto na SANBRA).
Entrevistei cada chefe de
departamento, cada mecânico de setor, cada operador de máquina. Nessa tarefa, senti,
de imediato, uma forte empatia com Antônio Sarmento e Antônio Barbosa. Senti,
também, certa rejeição por parte do Chefe
do Laboratório (o que, felizmente, após o passar dos anos, se transformou
em amizade). Ele achava que aquela tarefa deveria ser cumprida por um Técnico
Têxtil e não por um qualquer não técnico.
Com o tempo, pude provar a todos que não era preciso ser técnico para ser
administrador.
A partir de 1976, sai da
manutenção é fui ser Chefe de Pessoal, depois Chefe de Suprimentos e Compras e,
finalmente, Chefe de Expedição e Embalagem (com a saída de José Augusto. Dr.
Zequinha foi me jogando para escanteio, já que não tinha coragem para me
demitir), função na qual fui demitido por dizer uns desaforos sobre o então
Diretor Comercial, Roberto Almeida, filho do Diretor Presidente, Fernando
Almeida. Foi um momento de enorme tristeza para mim e de grande alegria para
Dr.Zequinha. Os desaforos – merecidos
– foram ditos em plena sala da expedição, na presença de todos os empregados do
setor, e ouvidos pelo motorista Daulino, que me dedurou ao Roberto Almeida.
Orgulho-me da minha convivência
na Indústria Têxtil. Nela aprendi a ser gente, a ser parte de uma equipe. Fui
aceito, por iniciativa de Luiz Barbosa, como associado da ABTT, o que perdurou
até 1987, quando fui trabalhar na Indústria Veterinária. Cheguei a participar
de três congressos da ABTT (Poços de Caldas, Recife e Rio de Janeiro).
Na Valença Industrial, conheci:
José Augusto, Luiz Barbosa, Carlito Cândido, Alex Medina, Lealdo Santos, Carlos
Roberto Ribeiro, Carlos Roberto Souza, Jorge Luís, Renato Maia (por ali, de
passagem), Antonio Sarmento, Aroaldo, João Batista, Antonio Barbosa, Reginaldo
Santos, Clóvis Lubrificador, Julinho
e Gilberto (da fiação), Cândido Giarolla, Alírio Santos, Salatiel, Orlando Palermo,
Bruno Dieter, Francisco Bonfim, Cristóvão, Antonio Marques, Iracy, Gracinha,
Conceição, Mustafá, Maria Almeida, Nilza, Sileusa, Marlene, Ferreira, Evilásio,
Deoclécio, Urbano, Zeca motorista, José Aguiar, Clodomir, Mestre Salvador, Lúcia,
Marlucy, Warty Reis, Daulino (o dedo duro)
e Peixoto, Suelito, Ítalo, Oswaldo e Jailton, José Messias Duarte Santana (meu
compadre e padrinho de Lorena), Arizonardo, Dudu
do Sindicato, D.Heloísa, Armindo, Dr. Zequinha (o honorável Dr. José Soares, apoiador da Ditadura), Dr. Fernando,
Dalmo, Dr. Tourinho, José Gonçalves, Dalmo Filho, Roberto Almeida, Ledo Teles,
Gercimário, João Santos e tantos outros que me fogem à memória.
Sai da CVI e fui trabalhar na
MAVACIL, com os irmãos Maluf (Roberto e Antônio), na qual permaneci por seis
meses, quando fui convidado por Mauro Rios para ir trabalhar no Cotonifício
José Rufino (por indicação de Luiz Barbosa).
Mudei-me para Recife em julho de
1979.
Na José Rufino conheci Mauro
Rios, Sanderland, Manoel Santos, Everaldo, Roberto Maia, os diretores Fernando,
Guilherme e Antonio Carlos, Cléa (minha querida companheira por bons 9 anos),
Gelson, Valdemir.
Sai da José Rufino em julho de 1980, a chamado de Renato
Maia, por indicação de Luiz Barbosa (mais uma vez meu anjo da guarda), para uma
entrevista com Carlos Grassi, então diretor geral textil do Grupo Bezerra de
Melo. Fui contratado como Gerente Nacional Administrativo, lotado na Fábrica da
Macaxeira. Respondia pelas atividades administrativas das fábricas têxteis do
grupo, instaladas em Recife, Fernão Velho, Curvelo e Magé. Cheguei a se nomeado
Diretor Textil do Nordeste, para ser demitido um mês depois, sob a acusação
(mais uma vez) de ser comunista (o que eu
era de fato) e responsável pela greve da Macaxeira.
Na Macaxeira, conheci Mário
Lopes, Carlos Caracciolo, Paulo Aullete, Josemá Paiva, Spreafico (que chancelou
minha demissão), Cristina, Vera, Bezerra, Manoel Maurício, Luís Carlos,
Máximo (que me dedurou), Carlos
Grassi, Charlles Treyvaud, Franco Mozelli, Alberto Júnior, Franqlin
Vasconcelos, Jairo Aquino, Braga, Severino Ramos, Cleberson, Garcia, Teófilo
Souza, Rivanda, os irmãos Bezerra de Mello. Não me recordo do pessoal de
Curvelo e de Magé.
Saí da Macaxeira em agosto de
1982. Montei uma Pessoa Jurídica de
Consultoria e fui prestar serviços em Feira de Santana, para fins de contratos
com a SUDENE. Lá fiquei até novembro de
1982, atuando na FERTCAL, de propriedade dos irmãos Maluf (os mesmos da
MAVACIL).
Em novembro, recebi um convite do
Franklin Vasconcelos para trabalhar na Thomaz Pompeu, como gerente de Importação
e Exportação. Mudei-me para Fortaleza em Janeiro de 1983.
Na Thomaz Pompeu conheci
Guilherme Almeida, José Pompeu, Thomaz Pompeu Neto, Marcos Pompeu, Valdir Aullete,
Cleto Junior, Antonio Bosco, Francisco Carmo, Juarez, Ivon Tomé, Amsterdam,
Evandembergh, Silvanísio, Vantuil, Mauro, Gerisvaldo, Moura, Ailton.
Fui nomeado, em 1986, Diretor Administrativo.
Em Julho de 1987, a
Família Pompeu pediu concordata e eu resolvi sair, antes que me enrolasse com
os problemas da fábrica.
Encerrou-se, aí, minha atividade
no mundo têxtil. Fui trabalhar na Indústria Veterinária, na qual permaneci até
2000 (quando me aposentei) e à qual ainda presto consultoria em comércio
internacional.
Historia enrolada, cheia de
baixos e altos, mas história sem estória.
Amo a Indústria Têxtil e dela me
sobraram raras amizades, como Alex Medina, Luiz Barbosa, Carlito Cândido,
Lealdo Santos, Messias Santana, Francisco Carmo, Franklin Vasconcelos, Antonio Barbosa.
A ordem dos nomes nada tem a ver com a importância da amizade.
Juracy de Oliveira Paixão.